O Projeto Bacia Amazônica lançou um vídeo educativo que será utilizado em oficinas comunitárias para sensibilizar sobre a conservação das águas subterrâneas na região fronteiriça de Leticia (Colômbia) e Tabatinga (Brasil). O material audiovisual, produzido no âmbito da intervenção “Avaliação hidrogeológica, de vulnerabilidade e de riscos para o desenvolvimento de políticas de proteção e uso sustentável das águas subterrâneas na região transfronteiriça de Leticia e Tabatinga”, é uma das ações que visam garantir uma gestão eficiente e sustentável do aquífero que abastece as duas cidades, com a participação ativa das comunidades.

Um recurso vital compartilhado

O vídeo destaca que Leticia e Tabatinga, além de compartilharem laços culturais e sociais, também compartilham um recurso essencial: a água subterrânea. Atualmente, há mais de 3.000 poços em funcionamento na região, que garantem água para beber, cozinhar e outras atividades cotidianas.

Inúmeras famílias, bem como escolas, clubes e espaços comunitários, dependem dessa água para sobreviver. Para residentes como a senhora Maria Luzia Ortiz, o acesso aos poços representa segurança e qualidade de vida.

Riscos de contaminação

Apesar da importância desse recurso, a Avaliação Hidrogeológica, de Vulnerabilidade e de Riscos realizada pelo Projeto Bacia Amazônica, em colaboração com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico do Brasil (ANA) e o Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia (Minambiente), entre 2022 e 2023, apontou níveis de risco de contaminação de moderados a muito altos em várias zonas.

Do total de 68 poços monitorados, mais de 70% não atendem aos padrões de qualidade para consumo humano, com presença de coliformes fecais em alguns casos. As principais fontes de contaminação incluem o descarte inadequado de resíduos, deficiências no saneamento básico, tanques de efluentes e contato com águas superficiais contaminadas.

A presença de coliformes evidencia um problema comum às duas cidades: a escassa cobertura do saneamento básico. Isso reforça a necessidade de ações conjuntas, uma vez que os aquíferos constituem sistemas transfronteiriços que transcendem as fronteiras políticas.

Cooperação binacional

O vídeo também destaca a importância da cooperação entre o Brasil e a Colômbia na gestão desse recurso. Durante o Terceiro Workshop Binacional, realizado em julho de 2024 em Leticia, autoridades e especialistas destacaram a urgência de ampliar o saneamento, fortalecer o monitoramento e envolver as comunidades locais.

Segundo Henrique Pinheiro Veiga, superintendente de Planos, Programas e Projetos da ANA, “Estamos avançando em duas frentes: ampliar a cobertura do saneamento e estruturar um plano de monitoramento. Mas é essencial que as comunidades participem para garantir a qualidade da água”.

Oscar Puerta, que na época era Diretor de Gestão Integral de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente da Colômbia (Minambiente), enfatizou a importância de o Brasil e a Colômbia trabalharem em conjunto para garantir a saúde do sistema aquífero, já que a água não reconhece fronteiras nacionais.

Nesse contexto, o Brasil e a Colômbia já estão trabalhando em ações que possam fortalecer a segurança hídrica das cidades fronteiriças.

Chamado à ação

Com a mensagem final “Águas compartilhadas, cuidado comum”, o vídeo convida cada cidadão a participar ativamente da proteção das águas subterrâneas, adotando práticas responsáveis em casa, evitando a poluição e apoiando as políticas públicas de gestão ambiental.

👉 Disponível em espanhol, português e inglês, o vídeo será uma ferramenta fundamental nas oficinas ministradas pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e pelo Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Minambiente), ampliando o alcance da mensagem e promovendo o uso sustentável das águas subterrâneas na região amazônica.

 

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