Criada em 2023 pelos presidentes dos oito países amazônicos durante a Cúpula de Belém, a Rede Amazônica de Autoridades Hídricas (RADA) foi oficialmente instalada no dia 17 de abril com o compromisso de avançar na gestão compartilhada dos recursos hídricos, garantindo o direito humano à água e a revitalização, conservação e proteção dos mananciais.
No evento realizado na sede da OTCA em Brasília, a Diretora Administrativa da organização, Edith Paredes, empossou a primeira presidente da RADA, a Embaixadora Marissa Castro, Diretora Geral de Limites e Águas Internacionais do Ministério das Relações Exteriores da Bolívia.
“Correspondendo ao mandato de nossos presidentes na Cúpula Amazônica, a RADA representa mais um passo na consolidação e ratificação do espírito de cooperação que formamos em 1978 com o Tratado de Cooperação Amazônica. É também um passo para o fortalecimento da gestão integrada, sustentável e harmônica da Bacia Amazônica”, disse Marissa Castro em seu discurso de posse, reafirmando a visão da água como elemento de integração, paz e trabalho conjunto.
De acordo com seu regulamento, a RADA busca promover a cooperação regional para a Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH) nos países da região, com vistas à capacitação, transferência de conhecimento e cooperação Sul-Sul. A RADA também visa transferir tecnologia, oferecer treinamento profissional e trocar experiências, inclusive em nível comunitário e no campo científico, respeitando as legislações nacionais dos países membros.
Além das autoridades hídricas dos 8 países membros da OTCA, a RADA inclui um comitê técnico de oito especialistas em água.
As autoridades e o Comitê Técnico da RADA
Conheça a opinião dos membros titulares da RADA sobre a importância e os desafios da rede
BOLÍVIA
Regina Velazco, Diretora Geral de Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
“O Estado Plurinacional da Bolívia reconhece a importância vital da conservação, proteção e gestão sustentável dos recursos estratégicos da Bacia Amazônica. Ao assumir a presidência da RADA, esperamos avançar na constituição de um forte mecanismo de gestão regional baseado nos princípios de cooperação e integração e dentro da estrutura dos compromissos assumidos na Declaração de Belém. Esperamos também que a RADA evolua para um espaço onde seja considerada para a tomada de decisões e não apenas um espaço de coordenação. O grande desafio da rede é promover ações concretas que signifiquem resultados para as populações locais”.
BRASIL
Verônica Sanchez da Cruz Rios, Diretora-Presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)
“A RADA é um marco muito importante na cooperação amazônica. Aqui, as autoridades se reúnem para discutir prioridades de monitoramento hidrológico de alto nível, desenvolver planos de ação conjuntos para observar os fenômenos das mudanças climáticas e entender como a hidrologia afeta a vida das pessoas. Entre os desafios que enfrentamos estão a expansão da rede hidrometeorológica e a implementação de sistemas de alerta para enchentes e secas. O desafio mais importante é criar um plano de ação conjunto para melhorar a qualidade e a disponibilidade de água potável e desenvolver sistemas e soluções de abastecimento de água e saneamento para as populações da Amazônia.”
COLÔMBIA
Oscar Francisco Puerta Luchini, Diretor de Gestão Integral de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
“O trabalho colaborativo em rede é a base da governança e, em particular, da governança da água. A RADA convoca os oito países da Bacia Amazônica a trabalhar de forma articulada e colaborativa para garantir o funcionamento do ciclo da água em um dos ecossistemas mais importantes e relevantes em termos de adaptação às mudanças climáticas, que é a Amazônia. Acredito que a construção de uma rede é justamente o principal desafio. Além disso, é claro, há os desafios técnicos de garantir a integridade dos ecossistemas amazônicos e sua importância no ciclo da água e assegurar que as populações que dependem deles – e não apenas as que vivem lá – tenham acesso a esse benefício da natureza”.
EQUADOR
María Luisa Riofrio, Vice-Ministra da Água do Ministério do Meio Ambiente, Água e Transição Ecológica
“Estou confiante de que, trabalhando juntos na RADA, podemos construir um futuro mais sustentável e equitativo para todas as famílias que dependem dos recursos hídricos da Amazônia. Este é um espaço a partir do qual podemos dizer ao mundo que estamos realmente comprometidos com a gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos da Amazônia, especialmente sua proteção. Os desafios devem ser enfrentados por nós, não apenas como técnicos, mas também a partir dos cargos que ocupamos nos governos nacionais.
GUIANA
Frank Grogan, Hidrólogo Especialista, Ministério da Agricultura / Serviço Hidrometeorológico
“A criação da RADA e o trabalho colaborativo proposto, o compartilhamento de conhecimento e a coordenação entre os países são cruciais para enfrentar os desafios complexos da bacia, levando em conta aspectos como governança, mudança e variabilidade climática e poluição, entre outros. Espera-se que a RADA facilite os esforços coordenados, promova sinergias regionais e cooperação transfronteiriça e apoie o desenvolvimento de regras e políticas que beneficiem todos os países da bacia. A Guiana agradece a oportunidade de participar dessa iniciativa inovadora, pois a gestão integrada dos recursos hídricos é uma prioridade para garantir a sustentabilidade e evitar conflitos no futuro.”
PERU
Alonzo Zapata Cornejo, chefe da Autoridade Nacional de Águas (ANA)
“Como a Bacia Amazônica é um sistema hídrico complexo e extenso, não podemos gerenciá-la ou trabalhar nela isoladamente. É necessário fazer esforços conjuntos de gestão, como estamos fazendo, tentando conhecê-la e estudá-la para entender melhor seu funcionamento, promovendo diferentes iniciativas em nossos países e compartilhando experiências. Sem dúvida, a RADA representa uma nova etapa no fortalecimento da gestão integrada da Bacia Amazônica. Estamos cientes de que há muitos desafios devido à imensidão da bacia, mas também de que é possível e viável trabalhar em conjunto para atingir um objetivo comum, que é gerenciá-la adequadamente, preservando as autonomias e soberanias nacionais”.
SURINAME
Nasser Rodjan, Subsecretário Permanente de Meio Ambiente e Ecossistemas do Ministério de Planejamento e Desenvolvimento Espacial
A RADA é fundamental para garantir a gestão sustentável e integrada dos recursos hídricos da Bacia do Rio Amazonas. Para o Suriname, fazer parte dessa rede aumenta sua capacidade de gerenciar efetivamente seus recursos hídricos, adaptar-se às mudanças climáticas e beneficiar-se da cooperação regional e das iniciativas de desenvolvimento sustentável. No entanto, enfrentar desafios como coordenação, compartilhamento de dados e alocação de recursos é essencial para o sucesso da RADA.
VENEZUELA
Miguel Angel Perozo Ynestroza, Vice-Ministro de Bacias Hidrográficas do Ministério do Poder Popular para o Ecossocialismo
“Como um mecanismo de coordenação e colaboração, a RADA deve nos levar a usar a água como um mecanismo para a integração de nossos povos. Ela também tem a obrigação de preservar e conservar nossos recursos hídricos para garantir a saúde pública, a produção de alimentos e energia e o desenvolvimento econômico. A gestão dos recursos hídricos é um desafio muito complexo que temos a obrigação de assumir com uma visão tecnopolítica, como dizemos na Venezuela, para profissionalizar a tomada de decisões de acordo com as políticas de Estado e com respeito à soberania e à segurança nacionais. Como os recursos hídricos condicionam fundamentalmente a qualidade de vida das pessoas, estamos aqui para compartilhar experiências, implementar planos de ação concretos na região amazônica e fortalecer a estrutura do poder popular na co- gestão dos sistemas hídricos”.